Posted sábado, 5 de fevereiro de 2011 by Névoas Torpes
Os teus pés

Quando não te posso contemplar 
Contemplo os teus pés. 

Teus pés de osso arqueado, 
Teus pequenos pés duros, 

Eu sei que te sustentam 
E que teu doce peso 
Sobre eles se ergue. 

Tua cintura e teus seios, 
A duplicada purpura 
Dos teus mamilos, 
A caixa dos teus olhos 
Que há pouco levantaram voo, 
A larga boca de fruta, 
Tua rubra cabeleira, 
Pequena torre minha. 

Mas se amo os teus pés 
É só porque andaram 
Sobre a terra e sobre 
O vento e sobre a água, 
Até me encontrarem.

Neruda

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