Posted sábado, 5 de fevereiro de 2011 by Névoas Torpes

Soneto XXV em português

Antes de amar-te, amor, nada era meu:

vacilei pelas ruas e as coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que esperava.

E conheci salões cinzentos,

túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que insistiam na areia.

Tudo estava vazio, morto e mudo,

caído, abandonado e decaído,
tudo era inalienavelmente alheio,

tudo era dos outros e de ninguém,

até que tua beleza e tua pobreza
de dádivas encheram o outono.

Neruda

0 comentários:

Postar um comentário